FGV lança aulas online e questões para Enem
do site www.estadao.com.br
Instituição disponibiliza banco com 4,6 mil questões; meta é chegar a 50 mil em 4 anos
16 de setembro de 2012 | 22h 38
Sergio Pompeu, de O Estado de S. Paulo
As aulas estão agrupadas em 15 cursos que abordam as quatro grandes áreas de conhecimento nas quais o Enem é dividido: Ciências da Natureza e Humanas, Matemática e Linguagem e suas Tecnologias. Quando estiver completa, a coleção terá 30 cursos. No caso do banco, a meta da FGV é chegar a 50 mil questões em quatro a cinco anos, o que pode contribuir para mudar o modelo do Enem, tanto em termos do grau de segurança do exame quanto na sua capacidade de melhorar a qualidade do ensino médio.
Batizado de FGV Ensino Médio Digital, o projeto nasceu de duas áreas de atuação da fundação, a produção de livros didáticos, iniciada há 8 anos, e a FGV Online, que oferece aulas virtuais de nível superior há mais de 15 anos, assistidas por 13 milhões de usuários. “Nossa missão como fundação é estimular o desenvolvimento socioeconômico do País, o que passa, entre várias outras coisas, pela educação”, diz o presidente da FGV, Carlos Ivan Simonsen. “E todos os dados econômicos e acadêmicos que a gente analisou mostravam claramente a importância de aperfeiçoar o ensino médio.”
A junção entre experiência com livros didáticos e tecnologia levou à criação de aulas com um padrão diferente do das grandes universidades americanas ou da Khan Academy, referências mundiais no ensino online. Elas não têm áudio nem a participação de professores em vídeos. Os conteúdos são apresentados por personagens animados, como o “Machado de Assis” que guia o estudante pela aula inicial de Literatura, remetendo a um texto do escritor Moacyr Scliar.
“Quando você usa pessoas, é fácil quem está assistindo prestar atenção ao apresentador e perder o foco no conteúdo”, diz Simonsen. “E o uso de recursos como áudio e vídeo torna a navegação mais lenta.”
A FGV não pretende produzir vídeos por enquanto, mas já está desenvolvendo o áudio para as aulas. “O aluno vai ter um botão com a opção de áudio”, afirma Simonsen. “Pode desabilitá-la se a navegação ficar lenta.”
Candidata a uma vaga em Economia, Gabriela Moreira, de 19 anos, está recorrendo ao site da FGV na preparação para o vestibular. Gabriela, que terminou o ensino médio em 2010, fez a prova de seleção da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, e vai prestar o Enem na disputa por uma vaga na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
“Gostei da abordagem, o material é bem interativo e me ajuda na revisão do que tenho de estudar”, diz Gabriela, moradora de Botafogo, zona sul do Rio. Ela soube das aulas, que estavam disponíveis para testes no site antes do lançamento do projeto, pela mãe, que trabalha na Editora FGV. “Uma coisa especialmente útil do site são os testes de múltipla escolha que eu posso fazer depois de ver cada conteúdo.”
O banco da FGV tem 6 mil questões prontas - além das 4,6 mil já disponíveis, outras 1,4 mil serão publicadas até abril. Desse total, cerca de 1 mil são relacionadas ao conteúdo do ensino médio e podem servir para avaliar alunos de 1.ª e 2.ª séries. As demais seguem fielmente o formato das usadas no Enem.
“O estudante pode escolher a área em que pretende fazer a autoavaliação, como Ciências da Natureza, por exemplo, e o sistema vai gerar um simulado com 10 a 15 questões”, diz a diretora executiva da Editora FGV, Marieta de Moraes Ferreira.
Para montar o banco de questões, a fundação articulou uma rede de mais de cem professores de escolas públicas e privadas, a maioria delas do Rio. Do grupo fazem parte docentes de Colégios como Pedro II, Santo Inácio e Santo Agostinho e o Andrews.
Banco de questões públicas
O presidente da FGV, Carlos Ivan Simonsen, propôs ao Ministério da Educação um novo modelo de banco de questões para o Enem. “Se você trabalhar em larga escala, com algo da ordem de 50 mil questões, não vai mais precisar de itens inéditos para garantir a segurança do exame”, diz. “O sistema sorteia aleatoriamente questões e as agrupa em provas diferentes para cada candidato. Costumo brincar dizendo que, se existe alguém capaz de memorizar 50 mil questões, ele merece vaga na universidade.”
Para Simonsen, outra vantagem do banco aberto é permitir que alunos da rede pública saibam exatamente qual seu grau de preparação para prestar o Enem - e a qualidade do ensino que recebem. Para ele, é “perfeitamente legítimo” que escolas usem o banco para melhorar a performance dos estudantes. “Isso reforça o papel do Enem como sinalizador do que se pretende para o ensino médio.”
Quanto à qualidade, Simonsen acredita que as avaliações atuais são um instrumento desenhado mais para uso de governos do que das famílias. “Nosso banco será um instrumento para a cobrança de melhorias no ensino.”
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